Eu sempre fui apaixonado pela filosofia. Desde jovem, mergulhava nas obras dos grandes pensadores, tentando entender como cada uma daquelas ideias moldava o mundo ao meu redor.

Foi essa paixão que me levou a buscar mais do que eu podia encontrar nas livrarias e universidades brasileiras.

Essa paixão me moveu, mas, ela sozinha, não foi suficiente para eu entender de fato o que buscava. Os materiais e conhecimentos que eu encontrava nas livrarias eram muito complexos, e eu precisava de um mentor que explicasse aqueles conceitos ocultos e profundos.

Foi com essa vontade de aprender, apesar da ignorância sobre muitos assuntos na época, que eu ingressei na graduação em filosofia na Universidade Federal de Uberlândia em 1998.

Porém, me frustrei. Mesmo após dedicar quatro anos da minha vida a esse curso, eu sentia que ainda havia muito a ser explorado. Então, iniciei meu mestrado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o que seria mais um ano dedicado a me aprofundar na filosofia.

Mesmo após essas formações acadêmicas tradicionais, eu sentia que havia muito conhecimento além do que a universidade e o país podiam oferecer.

Eu queria ir além, conhecer profundamente a história do pensamento filosófico e ter a chance de estudar com os melhores. Por isso, fui para a Itália, onde conquistei meu título de PhD em “Storia della Filosofia” pela “Università degli Studi di Macerata”.

A experiência foi transformadora. Ver de perto o impacto que a filosofia tem na cultura e na forma de pensar dos europeus me fez perceber o quanto ela é essencial para entender a nossa própria existência.

Mas, ao voltar ao Brasil, um incômodo crescia dentro de mim. Eu amava ensinar, mas sentia que minhas aulas na universidade federal onde leciono estavam limitadas demais às quatro paredes da sala de aula.

Era como se todo aquele conhecimento que eu havia adquirido, toda a história e o modo de pensar que a filosofia desbloqueia na mente das pessoas, ficasse preso em um espaço que não alcançava quem realmente precisava.

Eu ainda investiria mais dois anos em dois pós-doutorados, um na Universidade de Coimbra, em Portugal, e outro na Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Todo aquele conhecimento a mais parecia não ter mudado o incômodo que eu ainda sentia desde minha volta da Itália. Eu continuava vendo meus amigos, pessoas inteligentes, que amavam a filosofia tanto quanto eu, mas que não tinham um espaço para estudar e discutir esses temas.

Eles me diziam o quanto sentiam falta de um lugar onde pudessem se aprofundar nas discussões e encontrar outras pessoas que compartilhassem o mesmo interesse pelo conhecimento. E isso me incomodava profundamente.

Até que, em 2020, presenciei um movimento muito forte de pessoas especialistas em determinados assuntos compilando seus conhecimentos e divulgando ao público em formato de cursos online. Aquilo virou uma chave na minha cabeça.

Mas essa empolgação durou pouco... Após ver inúmeros casos de pessoas que enganavam o consumidor, prometendo o dobro e entregando menos da metade do que haviam falado, fiquei receoso de criar um espaço online para divulgar a filosofia.

Eu achei uma solução clara como a luz para meu problema, mas ela estava inserida em um cenário obscuro de charlatões.

Por esse motivo, passei 1 ano e 3 meses apenas estudando e estruturando qual seria a metodologia que desenvolveria para que tudo aquilo que eu tinha aprendido na universidade e nos meus estudos no exterior fosse acessível e compreensível para qualquer pessoa.

Minha missão era clara: fazer com que indivíduos, fossem iniciantes ou avançados nos estudos filosóficos, compartilhassem o mesmo espaço, sem vieses políticos ou ideológicos, consumindo um conteúdo profundo e denso, mas de forma prática e leve.